segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Papel de PAI



O que esperar desse mundo tão desequilibrado? Que futuro está reservado para as novas gerações?

Essas são perguntas que teimam em pairar, com uma certa constância, em nossas mentes de pais e mães. Elas são reforçadas a cada notícia que lemos nos jornais e revistas e quando assistimos aos telejornais. A violência está disseminada como nunca. O pior é que ela se apresenta da forma mais desumana, que é quando as crianças são envolvidas.

Quando pequeno, a minha avó Celina me dizia frases assim:
  • Meu filho, você ainda vai ver esse mundo perdido em miséria e fome.
  • A violência vai tomar conta do mundo.
  • Os filhos vão desrespeitar seus pais o tempo todo.
  • Elder, tudo vai acontecer cada vez mais cedo. Você vai ver menina ficar mulher muito nova. Vai ver crescer barba no rosto de meninos...
E tantas outras 'revelações' que ela disse-me. A grande maioria delas eu só ouvia, mas não entendia nada, algumas eu imaginava como seria sem crer no resultado final e umas poucas eu entendia, mas não gostava.

Toda vez que eu me detinha a pensar, hábito que tenho até hoje, desgostava e muito do meu futuro. O tempo passou e vi que a minha avó tinha toda a razão. Quanta coisa mudou, pena que para pior, como ela predizia.

Tentei ser um pai decente para os meus primeiros dois filhos, mas a separação deles foi inevitável. Daí passei a ter poucos momentos de pai. Surgiu uma filha de coração, que amo muito, mas que também não me detive a dar-lhe a minha presença.

Em função disso, quero fazer diferente desta vez. Quero estar presente em cada etapa da vida da pequena Maria Eduarda, o novo amor da minha vida. Que desta vez eu faça direito o papel de ser PAI.

P...eço ao SENHOR
A...lgo que preencha minha mente e
I...nunde o meu coração: A MINHA FILHINHA.

domingo, 14 de novembro de 2010


SONHO DE CRIANÇA


Sonhei que um dia
acordava no meio da noite
assustado com um sonho que dizia:
cuidado com o açoite.

Aos pulos estava meu coração.
Minha cabeça latejava.
Não conseguia segurar a emoção
quando olhei pela janela,
lá estava.

Uma menina linda a correr pelo jardim.
Corria e me chamava de papai
e da janela nunca me senti assim.
Só chorava, sorria
num misto que de dentro nunca sai.

Descia correndo pela escada
em direção à porta da frente,
mas me detive com a respiração cansada
a porta se abriu e vi uma estrela cadente.

Mal deu tempo de fazer uma oração
e a menina entrou pela porta.
Soltou um gritinho de felicidade que foi direto ao coração.

Sentei na escada e abri os braços
ela veio correndo e pulou sobre mim.
Assim ficamos num enlaço
que nunca teve fim.

Acordei.
Vi o meu amor dormindo.
Toquei seu ventre
e lá estava a minha princesa
languidamente espreguiçando-se,
como que sentindo o calor da minha mão...


terça-feira, 2 de novembro de 2010



VIAGEM



Pelos primeiros caminhos da vida
é que vem a minha preciosidade.
Imagine que nem chegou,
que nem a conheço,
mas que me provoca saudade.

Fico a acariciar a sua cápsula
de dia e de noite.
Ao sentir o calor da minha mão,
move-se como um açoite.

Vem devagar e sem pressa.
Como os mais nobres sentimentos,
que quando chegam se tornam
como uma primordial peça.

Vem querida,
sai da sua ilha.
Vem minha amada,
vem minha filha.